“Rio de Janeiro, 1930, 40º graus. Manoel pega seu chapéu que estava pendurado em seu cabideiro, acende seu cigarro Dalila e sai de casa. Na rua, encontra colegas que se juntam em sua expedição, os levando ao primeiro Cineclube do Rio de Janeiro e do Brasil, Chaplin Club. ”
Se reunir com amigos para assistir filmes em casa, rindo e se divertindo é uma possibilidade que a tecnologia do VHS trouxe há muito tempo, sendo melhorado para DVD’S até se tornar um simples arquivo de rápido download na Internet. Mas como faríamos isso se tivéssemos nascido em 1930?
O cinema era – para alguns ainda é – um evento único na vida do cidadão brasileiro. Entretanto, o que faziam caso quisessem assistir aquela obra novamente após sua retirada do cartaz? Para isso teve-se a ideia de trazer um projeto francês para o Brasil, o Cineclube!
Existia apenas um no Rio de Janeiro, o Chaplin Club, criado em 1928. Porém em 1940 foi estreado também um Cineclube em São Paulo.
Essa grande ideia não se limitava apenas em reunir algumas pessoas para assistir filmes que já saíram da programação, além de terem um trabalho difícil de conseguir o rolo dos filmes, eles usavam esse espaço para aumentar o conhecimento sobre cinema! Um cenário incrível, onde assistiam filmes que tinham alguma crítica ou simbolismo implícito e discutiam sobre as formas que o diretor usou para apresenta-las, entre outros assuntos.
Infelizmente a cultura do Cineclube foi se esvaindo com os anos, apesar de existirem alguns espalhados principalmente por São Paulo e pelo Rio de Janeiro. Mas, não lembra algo atual? Um clube com poucas pessoas que assistem filmes que já saíram de cartaz e avaliam-nos? São os Festivais De Curta-Metragem.
Com a diferença de não passar filmes e sim obras de curta-metragem, os festivais conseguem trazer esse saudosismo de forma inovada para a atualidade. O que nos traz a dúvida: Curta-Metragem tem um público mais crítico que o cinema comum?
Sabemos que ao ir no cinema assistir um filme de ação como Velozes e Furiosos, não pretendemos colocar a cabeça para pensar, queremos apenas relaxar durante essas duas horas, o que deve ser feito e não é crime. Porém, como todo extremo causa desequilíbrio, o consumo excessivo de obras que não nos fazem pensar e criar uma opinião crítica sobre diversos assuntos, nos deixa refém de filmes rasos. O cinema é a forma perfeita para transmitir uma mensagem, atiçar o conhecimento e incentivar qualquer público. Esse foco tem se tornado quase exclusivo de curtas-metragens, mas como dito acima, apenas um pequeno público realmente o consome.
Mas por que toda essa volta no assunto?
Já ouviu falar da Sessão Clássicos do Cinemark? Essa grande rede de cinemas traz em sua programação alguns dias específicos da semana para apresentar filmes cults do cinema internacional. Isso reúne um público relativamente grande, maior que alguns festivais independentes de curta-metragem. Essa a questão do texto.
Porque não uma grande rede de cinemas inserir em sua programação semanal, ou até mensal, uma sessão exclusiva para curtas-metragens brasileiros? Com um grande nome no mercado, com certeza atrairia mais público, trazendo visibilidade para os novos produtores e também dinheiro para o próprio cinema. Em uma curta questão de tempo, outras redes também iriam aderir esse movimento, ampliando muito o mercado de curta-metragem e incentivando a produção brasileira!
Essa é uma questão para você, leitor. Consumiria curta-metragem caso fosse exibido no Cinema?
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